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sábado, 26 de julho de 2014

Reflexão de Férias... Quando é que vão permitir que as escolas funcionem?...


Há 34 anos que estou ligado a este setor, exercendo variadas funções, desde a função de professor, dos diversos níveis de ensino, até às funções de dirigente de diversas estruturas associativas, ligadas à educação, umas de carácter sindical, outras de carácter pedagógico e até mesmo funções de direção de estabelecimentos escolares. Participei em inúmeras reuniões de negociação com várias equipas ministeriais. Representei os professores na UGT e na FESAP. Estive diretamente envolvido na criação do movimento sindical independente dos professores. Nunca me abstraí  de emitir a minha opinião, nas organizações a que pertenci, mesmo sendo minoritário, mas exercendo o meu direito de cidadania, que permite a livre opinião. Nunca virei a cara à luta, estando na linha da frente de algumas das lutas mais difíceis da classe. Confesso, no entanto que a desilusão começa a ganhar raízes dentro de mim! Não que enjeite as minhas responsabilidades enquanto cidadão livre e responsável, pois continuo a intervir socialmente. A prova disso é a recente nomeação para o Conselho Municipal de Educação, de Torres Vedras, em representação do agrupamento de escolas onde exerço funções. Por outro lado, ainda esta semana fui reeleito para mais um mandato de 4 anos, como Presidente do Conselho Geral  do Agrupamento de Escolas Pe. Vitor Melícias.
Posso, portanto, com conhecimento de causa, analisar a evolução ou (des)evolução que o nosso sistema educativo tem vivido. 
A politica educativa dos sucessivos governos tem-se pautado por uma prática a que eu, com algum humor negro, costumo chamar de "canina". Tal, deve-se ao facto de, como os canídeos, os sucessivos ministros pretenderem - e têm-no feito - deixar a sua marca, demarcando o território como o fazem os ditos. Assim, todos têm  feito a sua "mijadela", deixando o sua assinatura nas pretensas "reformas". Só que nem sempre as marcas têm sido benéficas para a educação e, muito menos, para o futuro do país. Reformas que carecem de avaliação, para se poder aferir se resultaram ou não em mais valias para o sistema... Medidas avulsas de duvidosa utilidade que, logo que muda a cor do governo são substituídas por outras  que suscitam mais dúvidas ainda... 
Para além dos sucessivos governos há, ainda, um outro "quisto" no nosso sistema. Chama-se FENPROF.
Ao longo dos anos foi e é, uma força de bloqueio, que impediu qualquer verdadeira reforma séria neste setor. Não é que em certos momentos não tivesse razão, mas perdia-a, logo a seguir, devido às suas práticas radicais em que só a luta interessava e nada mais para além da luta. A contestação pela contestação levou os professores e a sua classe, a um nível de descrédito na sociedade portuguesa, que só serviu aqueles que eles diziam combater.
E é  neste cenário de incerteza e insegurança constante, que têm vivido as nossas escolas. Há escolas com projetos interessantíssimos, com boas práticas, com alunos e professores motivados, mas que as sucessivas "invenções" não deixam vir ao de cima estas marcas de excelência, diluindo-se no pântano de mediocridade que criaram 
Dizia alguém, há uns dias, penso que um professor que se viu obrigado a emigrar, por não ter alternativa em Portugal, que os professores portugueses, são os únicos profissionais no mundo que fazem o que o patrão manda e que a seguir são criticados pelo patrão, precisamente por terem sido obedientes.
É neste universo meio caricato, que se movimenta uma classe que tem, como todas, bons e maus profissionais, mas que vive frustrada por não a deixarem exercer as suas funções com dignidade, sendo que a principal responsabilidade disso, é de quem deveria promover as condições, para que tal sucedesse.
Esta PACC, a brilhante invenção "Cratiana" de uma prova de avaliação de conhecimentos e competências, para profissionais altamente qualificados, é o bater no fundo!... É o reconhecimento da falência do sistema de formação de professores.
Se o não é ou o ministro é autista ou passa um atestado de incompetência a todas as entidades, que estando sob a sua tutela, são responsáveis pela formação inicial de professores. 
Nem é preciso fazer mais comentários, porque a evidência é tão evidente, que choca qualquer ser minimamente inteligente.
A formação dos professores é deficiente? Então, alterem as regras, segundo as quais as universidades e os politécnicos formam os professores. Se assim não é, deixemo-nos de falácias e acabemos com esta hipocrisia, de fazer uma prova para nada, que não seja diminuir a pressão sobre o mercado de trabalho, afastando uns tantos do exercício de uma profissão para a qual estão mais que habilitados.
Já agora... 
Porque não deixam as escolas funcionar?
Apregoam a autonomia, mas nunca abrem mão do "açaime" com que têm condicionado toda a ação de quem, nas escolas, quer fazer  o melhor pelo se país, qualificando as gerações vindouras.
Se acabarem com o Ministério da Educação, penso que prestarão um  grande serviço ao país!
Assim as escolas poderão respirar e fazer aquilo para que estão vocacionadas: Ensinar.

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